o amarelo é desespero,

o vermelho é apagamento,

o verde é esperança, né?

o azul… eu não sei

mas enraizar é resistência.

Era tradição ter uma foto, ainda criança, com o fardamento da escola ou uma roupa bonita. A mesa cheia de materiais escolares e o fundo com a bandeira do Brasil, junto com uma pose séria.

Lembro da minha foto. Estava eu todo fardado, com uma pose séria que me pediram, mas por dentro todo feliz porque naquele dia eu podia brincar na piscina de bolinha.

Nem toda criança teve essa oportunidade. De aproveitar a infância como deve ser. Se você fosse uma criança preta, então… racismo escancarado, destruição da autoestima (ou do processo de formação dela), renegação das suas origens, da ancestralidade, das raizes.

O Estado que é estruturado nesse racismo, como cimento que ajuda a sustentar todo o processo de apagamento. A morte de tantas crianças pretas em toda a história persiste. brincando na frente de casa. sentada no sofá vendo tv. na própria festa de aniversário. fardada indo para escola que poderia estar indo tirar sua foto clássica com a bandeira do Brasil. Que é vermelha, de sangue infantil. de sangue preto.

Feche os olhos minha criança interior. Você conseguiu crescer. Vitória de poucos como você. Se orgulhe da sua pele, dos seus traços, da sua história para além daqui. Feche os olhos e se reconecte com a sua ancestralidade. Volte para casa. Não se prenda aqui.

“Retorne. Olhe para trás e certamente compreenderá melhor o presente e a importância de rompermos com os ciclos de injustiças, para que não se repitam no futuro. O presente só pode ser ressignificado se as memórias forem incorporadas.” SILVA, Maria. 2021, para Carta Capital.

O vermelho é apagamento.

Mas enraizar é resistência.