Pertencimento
poesia autoral
Eu nasci em União dos Palmares
E cresci rodeado pela história do grande ícone da cidade:
Zumbi, dos Palmares.
Assim como ele, eu sou de Palmares.
Não mais aquela antiga terra de resistência e liberdade,
Mas um lugar onde falta a valorização da ancestralidade.
Apesar de ser um lugar muito simbólico e rico em história,
O apagamento é sistemático.
Assim como o racismo que tenta eugenizar nossa memória
ficamos com uma perspectiva mais branca da história.
Eu prefiro escurecer essa visão
Para enxergar o que o escuro quer me mostrar.
A física fala que a escuridão é ausência de luz,
Prefiro dizer que é onde a luz começa a se formar.
É caminho.
É o lugar onde tudo vai começar.
E como começo de mundo,
Me volto aos meus ancestrais,
Que apesar de apagados da minha mente,
Da minha história, da forma de pensar os meus ideais,
Eu resgato essa memória,
Deixo-a fica nesse lugar.
Nesse lugar de pertencimento
E a valorização de tudo que já tentaram apagar.
Se minha cor já me trouxe certo receio
E meu desejo mais profundo foi mais perto do branco estar,
Agora eu lanço essa prece que me faz de alguma forma lembrar:
Eu desejo, eu desejo, de todo coração, voar para longe
E chegar ainda mais perto da minha negritude,
A ínfima distância que me faça a abraçar.
Jhonyson Nobre